7 - 14 de julho de 2012, nas instalações
virtuais da Universidade Aberta
Conservação da Geo e da Biodiversidade – As
Trilobites de Arouca
Ana Mendonça; Jorge Moreira;
Vanda Müller
(Universidade Aberta)
As trilobites desaparecerem no
final do Pérmico, no maior evento de extinção maciça registado na memória
fóssil da Terra, que dizimou mais de 96% das espécies marinhas.
A partir da hipótese as trilobites
são importantes para a Conservação da Bio e da Geodiversidade foram
realizadas pesquisas sobre a documentação e os estudos científicos referentes à
Trilobita e aos fósseis de trilobites,
com o objetivo de compreender a
importância das trilobites para a conservação da biogeodiversidade.
Em discussão entre pares, procedemos à seleção e à análise
reflexiva da informação, com base no modelo de análise. Pelo descrito e pelas
técnicas e instrumentos utilizados, consideramos estar perante uma investigação
exploratória, de cariz qualitativo e estudo de caso - Trilobites de Arouca.
As trilobites existiram em ambiente marinho durante o Paleozoico, Era
onde proliferou a biodiversidade. Verificámos uma ecologia diversa,
evidente através dos icnofósseis. As trilobites constituem uma classe única e a
mais diversificada dos organismos extintos de artrópodes, a Trilobita, que preencheu um conjunto
variado de nichos tróficos.
A área do Geoparque de Arouca foi condicionada pela tectónica hercínica
e tardihercínica, sendo visíveis sistemas de falhas e ciclos de erosão. Com
o abaixamento do nível do mar durante o Período Devónico e o depósito de
materiais arenosos, formaram-se greso-xistos, quartzitos e fósseis, como os das
trilobites, sob rochas mais antigas, seixos de sedimentos e cinzas provenientes
de erupções vulcânicas. Os fósseis de trilobites de Arouca, muitos advindos de
exúvios, que permitiram a fossilização por moldagem, são dos maiores conhecidos
e pertencem à idade do Ordovícico. Aferimos
que o gigantismo polar das trilobites, em pelo menos seis
espécies diferentes, foi resultado da
anoxia aliada ao ambiente polar, responsável ainda, pela sua morte e
conservação (Gutiérrez-Marco, et
al., 2009).
Averiguámos que as trilobites
desapareceram devido a alterações climáticas severas - aquecimento global
(Holsar et al, 1989), resultado de vários
mecanismos, catastróficos e uniformes, únicos ou interligados, e.g. impacto ou airburst cósmico, atividade vulcânica, formação da Pangeia,
regressão marinha, alteração química da composição da atmosfera e dos oceanos.
Constatámos, ainda, que as
alterações climáticas significativas, que ocorreram durante o Ordovícico,
deixaram marcas indeléveis como os pelitos
com fragmentos nas regiões de Arouca e Valongo (Couto & Lourenço,
2008). O final deste período ficou marcado por uma extinção maciça de espécies
– facto que, aliado ao gigantismo polar, relacionámos
com a morte das trilobites gigantes de Arouca.
A existência das trilobites chega-nos através do registo fóssil. As
evidências das alterações climáticas, que levaram à extinção de grande parte da
biodiversidade no passado, ficaram gravadas na geodiversidade. A memória assim
preservada permite conhecer e compreender a história da Terra. Daí, esta ser
uma das razões para a conservação da geodiversidade. Revisitando esta memória,
releva a importância de mitigar o atual forçamento radiativo antropogénico
sobre o sistema climático, para a preservação da biodiversidade e da humanidade
que dela depende.
Palavras-chave
Conservação, Biogeodiversidade, Alterações Climáticas.
Referências Bibliográficas
·
Couto, H.;
Lourenço, A. (2008) Alterações climáticas no Paleozoico. Departamento de
Geologia. Universidade do Porto.
·
Gutiérrez-Marco,
J.; Sá, A.; García-Bellido, D.; Rábano, I.; Valério, M. (2009) Giant trilobites
and trilobite clusters from the Ordovician of Portugal. Geology 37, 443–446.
·
Holser W.; Schoenlaub H-P.; Attrep Jr M.; Boeckelmann
K.; Klein P.; Magaritz M.; Orth CJ.; Fenninger A.; Jenny C.; Kralik M.;
Mauritsch H.; Pak E.; Schramm J-F.; Stattegger K.; Schmoeller R. (1989) A
unique geochemical record at the Permian/Triassic boundary. Nature 337 (6202):
39–44.